Poderíamos ter capacidades psíquicas se o nosso cérebro não as inibisse?

Poderíamos ter capacidades psíquicas se o nosso cérebro não as inibisse?

Investigação testa novo modelo neurobiológico sobre a atuação do cérebro como inibidor das capacidades psíquicas (ex. telepatia, clarividência, precognição ou influência da mente sobre a matéria) e conclui que os lobos frontais do cérebro funcionam como filtro para suprimir capacidades psíquicas inatas dos humanos.

As capacidades psíquicas (em inglês, psi) são um fenómeno que inclui telepatia (conexão mente-mente), clarividência (perceção de objetos ou eventos localizados à distância), precognição (perceção de eventos futuros) e interação mente-matéria (psicocinese). Existem vários estudos que discutem as evidências empíricas da existência de capacidades psíquicas, incluindo argumentos contra a sua existência, pelo facto de os seus efeitos serem reduzidos e difíceis de reproduzir em condições experimentais controladas.

Para estudar este fenómeno, a equipa de Morris Freedman, apoiada pela Fundação BIAL, desenvolveu um novo modelo neurobiológico baseado no pressuposto de que o cérebro pode atuar como um filtro psi-inibitório, ou seja, os humanos podem ter capacidades psíquicas inatas que são suprimidas por este filtro do lobo frontal. Para testar esta hipótese, Freedman e os seus colegas, Malcolm Binns, Jed Meltzer, Rohila Hashimi e Robert Chen, utilizaram a estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr) para induzir lesões cerebrais reversíveis na região frontal média medial esquerda em participantes saudáveis.

Num artigo que foi publicado online antes da impressão na revista científica Cortex, intitulado Enhanced mind-matter interactions following rTMS induced frontal lobe inhibition, Morris Freedman e os investigadores descobriram um efeito psi significativo após a inibição do lobo frontal médio medial esquerdo por EMTr. Participantes saudáveis com lesões reversíveis induzidas por EMTr que afetam a região frontal média medial esquerda do cérebro mostraram efeitos superiores numa tarefa de interação mente-matéria, em comparação com participantes saudáveis sem lesões induzidas por EMTr.

Estes resultados apoiam a premissa de que o cérebro serve como um filtro para bloquear os efeitos psíquicos e podem ajudar a explicar porque estes efeitos são tão reduzidos e difíceis de replicar em participantes saudáveis.

“Este estudo confirmou a nossa hipótese de partida”, refere Morris Freedman, diretor da Divisão de Neurologia do Baycrest Health Sciences (Canadá), acrescentando que “os indivíduos com lesões frontais neurológicas ou reversíveis induzidas por EMTr podem constituir uma amostra de eleição para a deteção e replicação deste fenómeno”.

Para Morris Freedman, os resultados obtidos “têm potencial para transformar a forma como encaramos as interações entre o cérebro e acontecimentos aparentemente aleatórios, e podem fazer avançar significativamente a investigação na área da psi, ajudando a trazer a existência deste fenómeno para o domínio da ciência convencional”.

Saiba mais sobre o projeto “210/18 - Mind-matter Interactions and the Frontal Lobes of the Brain” aqui.


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