Investigação na imunoterapia do cancro vence 1ª edição do novo prémio da Fundação BIAL no valor de 300 mil euros

Investigação na imunoterapia do cancro vence 1ª edição do novo prémio da Fundação BIAL no valor de 300 mil euros

Um trabalho de investigação liderado pelo imunologista português Caetano Reis e Sousa, do Laboratório de Imunobiologia do Francis Crick Institute, em Londres, venceu a primeira edição do BIAL Award in Biomedicine.

O prémio instituído pela Fundação BIAL tem um valor de 300 mil euros e visa reconhecer o que de mais notável e relevante tem sido descoberto na área biomédica.

O estudo, “Cyclooxygenase-Dependent Tumor Growth through Evasion of Immunity”, publicado na revista Cell, e que envolveu um total de doze investigadores de várias nacionalidades, insere-se na área da imunologia tumoral, que serve de base para a imunoterapia do cancro, vista atualmente como potencial tratamento de primeira linha para vários tumores e decisiva no tratamento do cancro. Esta estratégia baseia-se na potenciação do sistema imunitário individual de cada paciente para combater as células cancerígenas e transformou, na última década, o tratamento de vários cancros metastáticos resistentes às terapêuticas convencionais, nomeadamente à quimioterapia. 

Tendo como ponto de partida o facto de apenas uma minoria dos doentes obter respostas completas e duradouras à imunoterapia, o grupo liderado por Caetano Reis e Sousa analisou as causas de insucesso terapêutico e identificou uma possível explicação para o mecanismo de “fuga” tumoral ao sistema imunitário e consequente resistência à imunoterapia: a enzima ciclooxigenase e um dos seus produtos principais, o lípido inflamatório prostaglandina E2. Estas moléculas são essenciais para que as células cancerígenas consigam escapar ao reconhecimento e eliminação pelo sistema imunitário. Quando manipularam geneticamente a capacidade das células tumorais produzirem estas moléculas, os autores observaram um ataque imunitário maciço aos tumores, que perderam volume até desaparecerem.

A equipa distinguida estudou ainda a capacidade dos inibidores de ciclooxigenase, utilizados nas doenças inflamatórias, caso da aspirina, de aumentar a eficácia da imunoterapia no tratamento de vários cancros, como o melanoma ou os carcinomas do pulmão e do rim. Os resultados mostram um aumento notável de eficácia da combinação da aspirina com a imunoterapia, em relação aos tratamentos individuais, resultando na erradicação dos tumores nos modelos pré-clínicos em estudo.

A vice-presidente do júri do BIAL Award in Biomedicine, Maria do Carmo Fonseca, salienta que “este trabalho pioneiro inspirou novos ensaios clínicos, atualmente em curso à escala mundial, em que a combinação de fármacos anti-inflamatórios como a aspirina com a imunoterapia está a ser testada em vários tipos de cancros, tais como os da mama e do cólon”.

Caetano Reis e Sousa confessa que “foi com grande alegria que recebi um telefonema do júri a anunciar que um estudo do meu laboratório tinha sido o vencedor do BIAL Award in Biomedicine 2019. Trata-se de uma investigação pré-clínica sobre um dos mecanismos utilizados pelos cancros para evitar a deteção do sistema imunitário. O estudo foi realizado por uma equipa de talentosos investigadores do nosso laboratório e colaboradores externos e estamos todos muito entusiasmados e honrados por receber este prestigiante prémio. Para mim, como cidadão português, receber o BIAL Award in Biomedicine tem um significado especial. Em nome de todos os que participaram no estudo, agradeço ao júri por escolher o nosso trabalho e à Fundação BIAL que patrocina o prémio.”

Caetano Reis e Sousa nasceu em Lisboa, em 1968, e foi viver para o Reino Unido na adolescência. Licenciou-se em biologia no Imperial College de Londres e fez o doutoramento em imunologia na Universidade de Oxford. No ano passado, Caetano Reis e Sousa foi eleito membro da Royal Society, tornando-se o primeiro português em 200 anos a entrar como fellow para a academia de ciências britânica, a mais antiga do mundo. Em 2009, Caetano Reis e Sousa foi distinguido com a Ordem portuguesa de Sant'Iago da Espada e em 2017 recebeu o Prémio


Investigacão na imunoterapia do cancro vence 1ª edicão do novo prémio da Fundação BIAL no valor de 300 mil euros

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